sexta-feira, 4 de maio de 2018

Decreto que permite livre circulação de vans é suspenso pelo TJ

Secretaria disse que fiscalização será reforçada para verificar se decisão está sendo cumprida



Operação contra milícia apreende várias vans e kombis em Santa Cruz, na Zona Norte do Rio

Rio - O Tribunal de Justiça do Rio determinou, nesta sexta-feira, a suspensão de um decreto que permitia a circulação de vans e kombis em itinerários diferentes dos determinados pela Secretaria Municipal de Transportes (SMTR). A medida, que valia desde fevereiro, era avaliada por uma comissão que verificava os trajetos feitos pela pasta para os veículos cadastrados no serviço de transporte complementar.
Em nota, a SMTR destacou que a fiscalização será reforçada para verificar se a decisão judicial está sendo cumprida por parte dos permissionários.  No início de abril, Crivella anunciou que liberaria vans nas linhas em as empresas não estariam colocando ônibus suficientes. Entre as rotas em que os passageiros reclamam de falta de veículos, estão a 398 e 366 que ligam o bairro de Campo Grande, na Zona Oeste, ao centro. A espera dos passageiros nestas linhas chega a ultrapassar uma hora.
"Essas linhas são de extrema importância para quem precisa ir de Campo Grande ao Centro. Agora temos que ir até Bangu, e de lá pegar outro para o Centro. Mais baldeação e mais lotação. Tirando essa opção, só temos o ônibus executivo que faz o mesmo trajeto, mas nem todo mundo tem condições de pagar a tarifa dele", desabafou o operador de caixa, Leandro Silva, de 34 anos. A SMTR afirma que já multou o consórcio operador das linhas 15 vezes de janeiro a abril deste ano.
O desembargador Celso Luiz de Matos Peres concedeu liminar em ação movida pela Rio Ônibus, o sindicato das empresas de ônibus, que questionou o decreto do prefeito. As empresas alegam que o problema de falta de veículos se dá porque as empresas não conseguem arcar com a manutenção com as atuais tarifas, que, segundo as companhias, estariam defasadas.
Desde o início de 2017, quando a prefeitura suspendeu o reajuste anual, a Justiça já determinou duas reduções de R$ 0,20 no preço da passagem, uma delas foi anulada depois. O valor atual é de R$ 3,60.
Paralelamente, o transporte alternativo irregular foi alvo de operação recente da polícia. Principal fonte de renda dos milicianos, mais de 30 vans foram apreendidas na quarta-feira (25). Faltou reboque para levar os carros e os próprios policiais tiveram que conduzir a frota para o Pátio Legal do Detran, em Campo Grande.
Segundo o delegado Fábio Barucke, diretor de Polícia da Capital, uma investigação apontou que o transporte alternativo responde por 70% do faturamento dos criminosos. "A extorsão cometida por esses milicianos nas vans é a sua maior renda. Investigamos alguns pontos controlados pela milícia. Existe van irregular que paga contribuição regular à milícia. Assim, como as vans legalizadas também são obrigadas a pagar. E tem vans que são de propriedade da milícia e eles não precisam extorquir", explicou Barucke, garantindo que a polícia fará novas ações para quebrar outros braços financeiros, como a distribuição de gás. "Estamos verificando também centrais de distribuição de TV e Internet", afirmou o delegado Barucke.
Para Barucke, a operação corroborou as investigações. Ele citou a extorsão aos artistas de rua para exemplificar que nada escapa à sanha dos milicianos. "A pessoa que fica no sinal, em Campo Grande, fazendo arte, também paga por esses pontos à milícia", questionou o delegado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário